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quarta-feira, junho 15, 2005

Uma Loja de Chapéus...

segunda-feira, junho 13, 2005

A minha Homenagem...



Neste período que atravessamos, com a falta de valores a que assistimos e com a inexistência de patriotismo que verificamos em quem nos governa (e aproveitando a celebração do Dia de Portugal), gostaria de homenagear uma mãe/mulher que nasceu e morreu no exílio e que, tendo adoptado Portugal como sua pátria, procurou servir o melhor que pôde e soube este País... País esse que lhe retribuiu com rara crueldade, tirando a vida do seu filho e marido, nesta mesma carruagem, onde ainda são visíveis as marcas deixadas pelas balas...

"Lisboa, Palácio das Necessidades
Sábado, 1 de Fevereiro de 1908

Escrever. Escrever para não gritar. Para não perder a razão - sim, para não perder a razão. Para expulsar, por um instante que seja, as terríveis imagens deste dia, e suportar o longo horror desta noite, a primeira de todas as que estão para vir.

Escrevo para mim. Escrevo para não enlouquecer, (...) mas a rainha de Portugal não se entrega à loucura. Ela cumpre o seu dever, ou morre como morreu hoje o rei de Portugal, D. Carlos I, como morreu hoje o príncipe herdeiro, D. Luís Filipe, como ela própria deveria ter morrido sob as balas dos assassinos.

Meu Deus, porque permitiste que matassem o meu filho? Protegi-o com todo o meu corpo, expus-me aos tiros, quis desesperadamente que eles me trespassassem a mim. E bastou uma única bala para destruir o rosto do meu filho.(...)

A dor cobriu tudo. Esvaziou-me o Espírito. As recordações desapareceram, estou incapaz de chorar. Inerte. (...).

Preciso de continuar a escrever até que o dia rompa, em vez de deixar que os pesadelos me invadam num sono inquieto. É preciso descrever a realidade, mais cruel do que o pior dos pesadelos."

Excerto do Diário de Dona Amélia de Orleães e Bragança